A estrutura de governança corporativa pode contribuir muito para valorizar uma empresa, de acordo com evidências na literatura. Deixando de lado questões do ambiente institucional, entender como a empresa precisa internamente se estruturar é fundamental. Conselhos, comitês, diretorias, gerências e departamentos são essenciais para conduzir a empresa. Uma estrutura pesada aumenta a burocracia, uma empresa enxuta pode ter processos muito informais que nem sempre são saudáveis ou seguros. Refletir sobre isso é essencial para gerar valor no longo prazo.
O empreendedor ao iniciar seu negócio realiza basicamente todas as atividades sozinho ou com ajuda de uma pequena equipe. Ao crescer o negócio, a demanda por pessoas e organização por departamentos/setores é condição sine qua non para que as atividades sejam alinhadas às funções de cargos específicos, mesmo que fisicamente as pessoas trabalhem em um mesmo ambiente.
A medida que a empresa cresce, naturalmente surge demanda por hierarquia e mesmo que a relação seja informal, é necessário ter os responsáveis por certos aspectos das atividades empresariais.
Surgindo a hierarquia e supondo que o negócio cresce de maneira sustentável, a governança corporativa passa a ser fundamental para assegurar controles, planejar de maneira mais consistente e monitorar as atividades dos executivos.
De um lado, surgem as alçadas, definindo limites para cada colaborador, seja de valores ou tipo de tomada de decisão, ou seja, mecanismos para controlar ou impor limites. Por outro lado, pode surgir demanda por um conselho de administração com comitês, por exemplo, para monitorar as decisões dos executivos, verificar o processo de elaboração das demonstrações contábeis e controles internos, subsidiar operações de fusões e aquisições, definir remuneração e por aí vai.
Claro, tratando-se de pequenos e médios negócios, nada impede de começar uma estrutura de governança corporativa simples, mesmo que funcione informalmente. Por exemplo, constituindo um conselho consultivo com pessoas conhecidas, mas independentes do negócio para que possam refletir sobre as atividades empresariais e questionar para provocar melhorias, mas o principal é praticar o funcionamento da governança. Produzir informações para reuniões desse conselho, assegurar confiabilidade nas informações geradas etc. São caminhos que as empresas que buscam crescer consistente e sustentavelmente devem perseguir.
Desse modo, uma empresa que pensou na estrutura de governança corporativa desde o início de sua consolidação no mercado conseguirá muito mais facilmente fazer uma transição para uma gestão profissionalizada com conselho de administração profissional, separar questões familiares das questões empresariais, pensar na sucessão, ou seja, fatores que impactam a geração de valor.